O SANTO SEPULCRO DE JESUS CRISTO ABERTO APÓS SÉCULOS PARA EXAME CIENTÍFICO

Pela primeira vez em quase dois milênios, cientistas puderam entrar em contato com a pedra original sobre a qual foi depositado o Santíssimo Corpo de Jesus Cristo envolvido nos panos mortuários, dos quais o mais famoso é o Santo Sudário.


 O Santo Sepulcro logo antes dos trabalhos de restauração.

A cova original hoje se encontra albergada na igreja do Santo Sepulcro na parte velha de Jerusalém. Ela está coberta por uma lápide de mármore que data pelo menos do ano 1555, ou quiçá de séculos anteriores ainda.

“O que achamos é surpreendente”, explicou à agência de notícias Associated Press o arqueólogo Fredrik Hiebert, da National Geographic Society, que participa no projeto. “Passei um tempo na tumba do faraó egípcio Tutancâmon, mas isso é mais importante”.

“Serão necessárias muito demoradas análises científicas [dos abundantes dados recolhidos], mas nós por fim pudemos ver a superfície original de rocha sobre a qual foi depositado o corpo de Cristo”, acrescentou.

De fato, até hoje não existiam gravuras desse leito de rocha calcária que, a fortiori, nunca foi fotografado. Tudo o que havia eram reproduções artísticas, mais ou menos felizes.

O Santo Sepulcro foi aberto durante 60 horas para os cientistas e, depois, voltou a ser lacrado em seu estado anterior.

Os especialistas deixaram aberta uma janela retangular em uma das paredes revestidas de mármore da edícula (pequena casa, ver embaixo) desde onde os peregrinos poderão vislumbrar pela primeira vez parte da parede de calcário da tumba de Jesus Cristo.


De onde provém esse túmulo?

Segundo os Evangelhos, o Corpo de Jesus Cristo foi depositado num leito mortuário escavado na pedra de morro vizinho da crucificação.

Em verdade a distância é mínima do local da crucificação. Por isso mesmo, os dois locais se encontram sob o teto da mesma igreja, separados apenas por poucas dezenas de metros.

O túmulo já existia antes de Paixão e pertencia a São José de Arimateia que o mandara fazer para si, mas o cedeu para o Santíssimo Redentor.

São José de Arimateia era um homem rico, um grande comerciante dono de uma frota de navios cujos interesses chegavam até a atual Grã-Bretanha.

Também era senador e membro do Sinédrio, o colégio dos mais altos magistrados religiosos do povo judeu. Secretamente ele era discípulo de Jesus.


Foi ele que obteve de Pilatos a libertação do corpo e cobriu as caríssimas despesas de sua preparação, oferecendo até o linho do Santo Sudário.

Em represália dessa generosidade, o Sinédrio mandou persegui-lo e lhe expropriar suas grandes posses. Ele foi abandonado por amigos e familiares.

Após passar 13 anos no cárcere, São José de Arimateia foi libertado pelo novo governador romano Tibério Alexandre, reconstituiu sua grande fortuna e passou a usá-la para a difusão da fé. Faleceu em plena atividade missionária.

Sua festa litúrgica é celebrada em 17 de março no Ocidente e em 31 de julho no Oriente. Em sentido contrário ao “moço rico” do Evangelho recusou o chamado de Cristo por amor às riquezas, São José de Arimateia é exemplo acabado do rico que usa de seus capitais para servir melhor ao Redentor e sua obra.

São Marcos escreveu dele que era um
“ilustre membro do conselho, que também esperava o Reino de Deus; ele foi resoluto à presença de Pilatos e pediu o corpo de Jesus” (São Marcos, 15, 43).
 
São Mateus, ao descrevê-lo, sublinha ser um homem rico discípulo de Jesus:
57. À tardinha, um homem rico de Arimateia, chamado José, que era também discípulo de Jesus,
58. foi procurar Pilatos e pediu-lhe o corpo de Jesus. Pilatos cedeu-o.
59. José tomou o corpo, envolveu-o num lençol branco
60. e o depositou num sepulcro novo, que tinha mandado talhar para si na rocha. Depois rolou uma grande pedra à entrada do sepulcro e foi-se embora. (São Mateus, 27, 57ss)
 
Por sua vez, São João em seu evangelho registra:
39. Acompanhou-o Nicodemos (aquele que anteriormente fora de noite ter com Jesus), levando umas cem libras de uma mistura de mirra e aloés.
40. Tomaram o corpo de Jesus e envolveram-no em panos com os aromas, como os judeus costumam sepultar.
41. No lugar em que ele foi crucificado havia um jardim, e no jardim um sepulcro novo, em que ninguém ainda fora depositado.
42. Foi ali que depositaram Jesus por causa da Preparação dos judeus e da proximidade do túmulo. (São João 19,39-40)

A incolumidade milagrosa do Sepulcro

As descrições dos evangelistas nos permitem fazer uma ideia do túmulo onde aconteceu a Ressurreição e precisam o local o local onde está. Porém, a história subsequente submeteu esse sagrado túmulo a graves riscos de desaparição.

Porque o Santíssimo Sepulcro ficou no centro de tremendas borrascas históricas cujos efeitos perduram em nossos dias. Podemos até julgar a título pessoal que sua preservação é um milagre histórico.

Também é uma figura do Corpo Místico de Cristo que é a Santa Igreja Católica atravessando pelos séculos horrorosas tempestades que nada acabaram podendo contra Ela.

Vejamos a história do Santo Sepulcro.

Após a destruição de Jerusalém em 70 d.C., o imperador romano Adriano ordenou construir sobre as ruínas uma cidade pagã de nome Élia Capitolina, fazendo imensas terraplenagens.

Pelo plano a sepultura de Jesus ficou coberta com terra. Sobre ela foi erigida um templo dedicado a Vênus (Afrodite para os gregos), deusa da sensualidade. Enquanto isso os cristãos padeciam as perseguições.

O inferno parecia confabulado para extinguir a Igreja nascente.

Em 313, o imperador Constantino encerrou as perseguições. Em 326, sua mãe Santa Helena visitou Jerusalém procurando as relíquias da Paixão e identificou o local da crucificação (o Gólgota) e a cova chamada Anastasis (“ressurreição”, em grego).

O imperador católico aprovou construir um santuário para substituir o templo de Vênus do imperador pagão Adriano. A nova igreja ficou conhecida desde então como a do Santo Sepulcro.

Eusébio (265 – 339), bispo de Cesaréia e pai da história da Igreja, deixou constância desses fatos em seus escritos.

Em 614, a igreja de Constantino foi gravemente danificada pelos persas sassânidas, pagãos que tomaram Jerusalém e pilharam os tesouros da igreja, deixando apenas alguns restos escassos dela.

A basílica foi reconstruída quando Heráclio, imperador de Constantinopla, reconquistou Jerusalém.

Mas, a sucessão de invasões, restaurações, depredações e guerras estava longe de acabar…

Em 638, Jerusalém e toda a Palestina foram invadidas pelos muçulmanos. Em 966, as portas e o telhado da igreja arderam durante distúrbios.

Em 1009, o califa fatímida Al-Hakim ordenou destruir todas as igrejas de Jerusalém, incluindo o Santo Sepulcro. Só os pilares do templo, que eram da época de Constantino, sobreviveram ao arrasamento.

A notícia dessa aniquilamento foi decisiva para inspirar o movimento das Cruzadas.

O sucessor de Al-Hakim, o califa Ali az-Zahir permitiu a reconstrução e redecoração da igreja. A obra paga pelo imperador de Bizâncio Constantino IX Monômaco e por Nicéforo, patriarca de Jerusalém. Os trabalhos concluíram em 1048.

Foi essa igreja que os cruzados encontraram em 1099 entrando em Jerusalém. O templo restaurado pelos cruzados foi reconsagrado em 1149. No seu essencial, é o que existe atualmente.

Em 1187, o caudilho islâmico Saladino voltou a invadir a cidade, mas proibiu a destruição dos edifícios religiosos cristãos.

No século XIV, o local passou a ser administrado por monges católicos e por monges ortodoxos gregos.

Nos séculos seguintes foram feitas diversas restaurações, se destacando a de 1810 por iniciativa britânica após um grande incêndio e as ocorridas entre 1863 e 1868. Em 1927, mais um abalo sísmico causou importantes estragos à estrutura da igreja.

Fonte: Ciência confirma Igreja