MEDITAÇÃO DO DIA: SEXTA-FEIRA

É necessário que o Filho do Homem seja levantado...

Segundo Santo Agostinho, o Antigo Testamento contém aquilo que está plenamente revelado no Novo. Aqui temos a imagem da serpente de bronze à qual se referiu Jesus em sua conversa com Nicodemos. O próprio Senhor revelou o significado dessa imagem dizendo: “Do mesmo modo como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que o Filho do Homem seja levantado para que todos os que nele crerem tenham a vida eterna” (Jo 3,14-15). Durante o caminho do povo de Israel do Egito até a Terra Prometida – pois o povo reclamava – Deus mandou uma invasão de serpentes venenosas e, por causa disso, muitos pereceram. 


Quando os sobreviventes compreenderam sua culpa, pediram a Moisés que intercedesse junto a Deus [...]. Moisés rezou e recebeu do Senhor esta ordem: “Faze uma serpente de bronze e coloca-a como sinal sobre uma haste; aquele que for mordido e olhar para ela viverá”. [...] A serpente de bronze [...] representou a salvação da morte para todos aqueles que eram picados pelas serpentes. No livro do Gênesis, a serpente era o símbolo do espírito do mal. Mas agora, por uma surpreendente inversão, a serpente de bronze elevada no deserto se torna uma representação do Cristo, elevado por sobre a cruz. 

A festa da Exaltação da cruz chama às nossas mentes e, num certo sentido, torna atual, a elevação de Cristo por sobre a cruz. A festa é a elevação do Cristo redentor: quem quer que creia no Cristo crucificado terá a vida eterna. A elevação de Cristo na cruz constitui o início da elevação da humanidade através da cruz. E o cumprimento final da elevação, é a vida eterna. [...] Por que a cruz e o Cristo crucificado são a porta para a vida eterna? Porque nele – no Cristo crucificado – manifestou-se em sua plenitude o amor de Deus pelo mundo, pelo homem. [...] A salvação do Filho de Deus através da elevação por sobre a cruz, tem sua fonte eterna no amor. 

É o amor do Pai que envia o Filho; ele oferece seu Filho pela salvação do mundo. Ao mesmo tempo, é o amor do Filho, o qual não “julga” o mundo, mas sacrifica a si próprio pelo amor para com o Pai e pela salvação do mundo. Dando a si próprio ao Pai por meio do sacrifício da cruz ele oferece ao mesmo tempo a si próprio ao mundo: a cada pessoa e à toda humanidade [...].
Papa São João Paulo II (1920-2005)
Homilia, 14 de setembro de 1984.