FORMAÇÃO: Somos plenamente livres?

O tema da liberdade é muito importante e extremamente necessário de ser discutido, de se perguntar o que vem a ser ela, uma vez que ela sofre diversos ataques a todo o momento. É também falado por diversas dessa temática em nossa sociedade. Fala-se em liberdade de expressão, de escolha, de imprensa, política, religiosa, de locomoção, artística, de pensamento, entre outros tantos tipos de liberdade.  Mediante esses diversos tipos de liberdade apresentados anteriormente devemos nos questionar se realmente temos garantidos o direito de exercer esses tipos de liberdade em nossa vida e nosso dia-a-dia de forma plena, mas sempre a exercendo de forma responsável. 


Para conseguirmos realmente refletir e argumentar acerca da liberdade, se estamos tendo a possibilidade de exercê-la de forma plena, devemos saber o conceito e o que queremos dizer quando falamos em liberdade. Se pegarmos o conceito de liberdade em um Dicionário de Filosofia encontraremos a seguinte definição: capacidade daquele que é livre; capacidade de agir por si próprio; autodeterminação; independência; autonomia. 

Continuemos a nos questionar acerca da liberdade: Será que conseguimos agir por conta própria ou nossa ação é determinada por outros meios?; Será que realmente temos a possibilidade, a autonomia e a liberdade de escolher entre uma coisa ou outra, ou essa autonomia é ilusória? Até que ponto somos realmente independentes? Como podemos buscar ainda mais nossa independência? 

Guy Debord, filósofo contemporâneo, em seu livro “A sociedade do Espetáculo” (1997), ao criticar a sociedade de consumo e o mercado, afirma que a liberdade de escolha é ilusória, pois escolher é sempre optar por duas ou mais coisas prontas e pré-determinadas pelos outros, ou seja, não temos plena autonomia de escolha. Complementa o referido autor, que numa sociedade como a capitalista, a única liberdade que existe socialmente é a de escolher qual mercadoria consumir, sendo que essa impede que os sujeitos sejam livres na sua vida cotidiana. Assim, a sociedade da mercadoria, segundo Debord, faz da passividade (escolher, consumir) a liberdade ilusória que se deve buscar a todo custo, enquanto que, de fato, seres ativos, práticos (no trabalho, na produção), somos não livres. 

Por fim, ficam para cada um de nós as seguintes questões: Será que somos plenamente livres? Quais os caminhos que devemos trilhar e buscar para que possamos nos tornar cada vez mais autenticamente e plenamente livres nas nossas decisões e escolhas? O que não podemos é ficar parados sem correr atrás de nossa liberdade e não devemos também deixar que os outros escolham ou tomem as decisões que influenciam em nossa vida por cada um de nós. Não podemos nos acomodar ou ficarmos desmotivados mediante aos ataques que nossa liberdade sofre. Podemos dizer que o bom caminho a ser seguido está na frase da Marilena Chauí que foi mencionada no início deste texto: “A liberdade não se encontra na ilusão do posso tudo nem ao conformismo do nada posso”. Que possamos, portanto, irmos cada vez mais ao encontro da nossa liberdade plena, mas sabendo que a liberdade não está no tudo posso e também na acomodação do nada posso.




Artigo desenvolvido pelo 
seminarista Marcos Antônio
(Graduado em Filosofia/Licenciatura, UFJF-MG)