MILHARES DE FIEIS RECORREM À VIRGEM MARIA NA ÍNDIA


Em um pequeno povoado no estado de Goa, na Índia, a Festa de Nossa Senhora dos Milagres atrai devotos de várias religiões e o óleo de coco tem um importante papel em suas práticas. 
“É uma devoção mariana única, na qual católicos e devotos de outros credos, com sua profunda convicção na presença de Deus, mostram seu amor e veneram a nossa Santa Mãe”, disse o Pe. Mario Taciturno Dias ao Grupo ACI em 20 de abril.
O Pe. Dias dirige o centro para as missões da Arquidiocese de Goa e Daman.
O sacerdote contou que a festa anual de Nossa Senhora dos Milagres “atrai pessoas para uma mudança de coração”, animando-os a ser “autênticas testemunhas da nova evangelização ao compartilhar nossa fé e fortalecer a harmonia inter-religiosa”.

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A festa se realiza uma vez por ano na segunda-feira após o terceiro domingo de Páscoa. Os peregrinos que vão ao santuário realizam atos de entrega e reconciliação e põem suas orações nas mãos da Virgem Maria. Pe. Dias disse que centenas de pessoas recebem graças, encontram cura e testemunham milagres.

A festividade anual começa com uma preparação espiritual dos fiéis com novenas, catequeses, confissões, adoração do Santíssimo Sacramento e muitas Missas. Os devotos não se intimidam pelo caloroso clima do verão, viajando quilômetros desde distintos povoados. Muitos chegam a pé para venerar a Virgem Maria e colocar óleo de coco sobre a imagem.

Alguns colocam mostras de gratidão aos pés da estátua de Nossa Senhora dos Milagres em agradecimento por curas, o dom de uma criança e outras preces atendidas. As festas também atraem uma feira de vendedores de bens e artesanatos tradicionais. O sacerdote franciscano capuchino Simon Rico Fernandes presidiu a solene Missa de Ação de Graças de 11 de abril com um grande número de sacerdotes concelebrantes, religiosos e centenas de fiéis. Eles se reuniram na Igreja de São Jerônimo em Mapusa, localizada a cerca de 16 quilômetros ao norte do Pankim, capital da Goa.

Os franciscanos construíram a igreja de São Jerônimo em 1594 em Mapusa. Sobre seu altar principal, encontra-se a estátua de Nossa Senhora dos Milagres, rodeada por dois altares menores de cada lado, um com a imagem de São João o Batista e o outro com a de São Jerônimo. Ao final da Missa, os fiéis realizaram uma colorida procissão. Levaram a estátua de Nossa Senhora dos Milagres e cantaram hinos marianos.

De acordo com Pe. Dias, o costume de verter óleo é a forma mais humilde dos devotos de expressar sua gratidão. É uma versão da unção, que foi um costume comum como uma marca de hospitalidade e uma mostra de honra e gratidão.
É também uma prática na consagração de sacerdotes e monarcas nas culturas antigas dos romanos, egípcios, gregos, árabes, índios e outros.

O uso de óleo e a unção se encontra também em muitas passagens da Bíblia.
“Muitas partes na Bíblia mostram que os antigos hebreus observavam a prática na unção de Aarão como sumo sacerdote. O profeta Samuel ungiu tanto Saul quanto David”, acrescentou o Pe. Dias. O óleo foi considerado um produto valioso. Por um tempo, foi a única forma de riqueza que os pobres podiam oferecer em igrejas e templos para iluminar as lamparinas.

Laura D’Souza, devota mariana, refletiu sobre as devoções. “É difícil entender a comovedora expressão de religiosidade de nossa gente com os olhos do intelecto ou com o entendimento teológico”, disse.
 “Só uma pessoa tocada por um encontro de fé poderá entender um devoto”, afirmou. “Se não houver sentido a presença de nossa Santa Mãe, como pode as pessoas serem atraída aos milhares sem força ou convite?”.
O Pe. Dias assinalou que em Goa “as pessoas se converteram ao cristianismo durante a época colonial portuguesa”, entre os séculos XVI e XVII. “Eles poderiam ainda levar algumas influências tradicionais onde algumas devoções particulares poderiam necessitar de purificação”, disse.

Entretanto, acrescentou, “precisamos estudar e educar e catequizar as pessoas antes de introduzir mudanças, porque as devoções populares sustentam a religiosidade de nosso povo e o levam à Eucaristia”.

Fonte: ACI

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